Bastidores do livro sobre escravização em Araraquara são apresentados no ‘Canal Direto’

Publicação ‘A história comprovada: fatos reais e as dores da escravização araraquarense’ será lançada nesta sexta-feira (24), no Sesc, e reúne documentos históricos e inéditos

Bastidores do livro sobre escravização em Araraquara são apresentados no ‘Canal Direto’
 

Os bastidores da elaboração do livro “A história comprovada: fatos reais e as dores da escravização araraquarense” foram o tema do “Canal Direto com a Prefeitura” desta terça-feira (21), data na qual são lembrados o Dia Internacional contra a Discriminação Racial e o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé.

O programa recebeu como convidados Alessandra Laurindo, coordenadora de Políticas Étnico-Raciais da Prefeitura, e Claudio Claudino, vice-presidente da Comissão de Combate à Discriminação Racial da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Araraquara.

O livro será lançado nesta sexta-feira (24), às 18h30, no teatro do Sesc Araraquara (Rua Castro Alves, a Rua 16, nº 1315). A publicação reúne documentos, fotos e informações sobre o período da escravização em Araraquara.

A entrada será gratuita para o público. O evento terá transmissão ao vivo pelo canal do YouTube da Prefeitura de Araraquara e também será exibido no espaço de convivência da unidade.

O projeto é realizado pela Prefeitura, por meio do Centro de Referência Afro “Mestre Jorge”, e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Araraquara – 5ª Subseção, contando com o apoio do Sesc, do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (NEAB) da Uniara, da Academia Araraquarense de Letras, do NUPE - Núcleo Negro da Unesp para Pesquisa em Extensão, da Comissão de Combate à Discriminação Racial da OAB e da Frente Parlamentar Antirracista da Câmara Municipal.

A obra conta com a organização de Alessandra Laurindo, Claudio Claudino, Edmundo Oliveira, Felipe Oliveira e Fernando Passos e traz prefácios de instituições e pessoas comprometidas com o combate ao racismo, como o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda; o professor doutor da Unesp Araraquara Dagoberto José Fonseca; além do Conselho Municipal de Combate à Discriminação e ao Racismo (Comcedir), Defensoria Pública, Fórum Trabalhista de Araraquara e outras organizações.

Pesquisa
Claudio Claudino explicou que o trabalho foi iniciado a partir de 2014, época em que foi formada a Comissão Nacional da Verdade. “Araraquara, através da OAB, foi a primeira seccional a montar uma comissão, em um processo coletivo. Nós nos reunimos várias vezes. E um dos objetivos era que fôssemos a campo para pesquisar documentos antigos”, relatou.

“A gente teve a informação de que um juiz de Direito de Araraquara tinha alguns documentos guardados. Fomos até esse juiz, que falou ‘não está mais comigo, não, mas está em um cartório da cidade’. Fomos até o cartório e comprovamos que havia cinco livros do período do século 19. Achamos que era um direito nosso ter acesso a esses documentos, por uma questão de história nossa”, complementou Claudio.

Segundo ele, a partir daí, travou-se uma disputa jurídica. “Isso começou em 2015, a primeira vez em que entramos com uma ação [judicial]. Passamos por três diretorias da OAB e agora, felizmente, o dr. Felipe [Oliveira, presidente da OAB Araraquara] assumiu que nós iríamos disponibilizar esse material para pesquisa e estudo”, concluiu.

Alessandra Laurindo explicou que Araraquara descumpriu uma ordem de que os arquivos fossem queimados. “Em 1890, Rui Barbosa, um grande jurista que na oportunidade era o ministro da Fazenda, dá uma ordem expressa em um decreto para que todas as cidades queimem todo e qualquer vestígio documental onde estava expressa a escravização no Brasil. A gente ainda não entende por que Araraquara não queimou esses livros”, afirmou.

Para a coordenadora, há margem para várias interpretações sobre qual seria o objetivo de Rui Barbosa para emitir essa ordem. “Pode ser por pressão dos próprios compradores de escravizados na época, porque eles queriam uma indenização. De toda forma, o que aconteceu foi um apagamento da nossa história. Todas as outras etnias, em especial as europeias, podem fazer o resgate de suas histórias e entender de onde vieram. Com a população negra é muito mais difícil. Dentro do período da escravização, essa história foi negada”, explicou a coordenadora.

Isso explica a importância do trabalho realizado na pesquisa para o livro a ser lançado na sexta-feira. “Araraquara tem esse diferencial. A gente se sente agraciado e iluminado por ter essa oportunidade de mostrar essa história que não foi queimada e nem destruída”, concluiu Alessandra.

Lançamento do livro “A história comprovada: fatos reais e as dores da escravização araraquarense”
Data: sexta-feira (24)
Horário: 18h30
Local: Sesc Araraquara (Rua Castro Alves, a Rua 16, nº 1315)
Realização: Prefeitura (Centro de Referência Afro “Mestre Jorge”) e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Araraquara – 5ª Subseção
Apoio: Sesc, Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (NEAB) da Uniara, Academia Araraquarense de Letras, NUPE - Núcleo Negro da Unesp para Pesquisa em Extensão, Comissão de Combate à Discriminação Racial da OAB e Frente Parlamentar Antirracista da Câmara Municipal